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Escursao a Tindari

O comissário Montalbano está a envelhecer?

Não, não é isso.

É a amargura devido a um caso com implicações desconcertantes e horrendas.

É a saudação do novo século a esse Maigret siciliano, mais culto, mais tenso e irregular.

Ele investiga entre a imaginária Vigàta e Tíndari, o promontório a pique sobre o mar «com o pequeno, misterioso teatro grego e a praia em forma de mão com os dedos cor-de-rosa». Houve um triplo homicídio – um jovem Don Juan que vivia acima dos seus recursos aparentes, dois reformados idosos que viviam trancados dentro de casa e que de repente resolvem fazer uma excursão a Tíndari. A relacioná-los, aparentemente apenas um condomínio.

Mas Montalbano tem uma maldição, sabe ler os signos provenientes do antiquíssimo que vive na moderníssima Sicília: para o auxiliar, uma velha oliveira torta, a sua equipa, a sueca Ingrid, um livro de Conrad e um Anónimo não arrependido. Excursão a Tíndari, muito mais do que um policial – como sempre em Camilleri -, tem a felicidade e a facilidade da comédia.

Sobe o pano e vão surgindo personagens segundo um ritmo perfeito, e cada uma tem um carácter que a faz sobressair, vívida e completa, do pano de fundo: não são apenas as personagens centrais, mas também a vizinha que aparece uma única vez, os velhinhos da excursão, os jovens mafiosos que protegem o boss, os clientes do restaurante...

E para lá do fascínio da língua, da consonância com o universo metafórico siciliano, da sugestão do enredo, cada página proporciona um inesquecível momento de divertimento literário





Last modified Saturday, July, 16, 2011